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Mensagem por Shinji Ikari Seg 20 Out - 21:58

“Você desconhece o que é viver assim...
Podem existir lágrimas em berços de ouro...
Mas elas nunca serão de fome...”



Capítulo I – A escassez




_ Gaia... o que realmente é isso? Eu não sei, talvez seja esse ar que hoje bate em minhas feridas fazendo-as arderem como uma labareda de fogo contra “nós”... Ou talvez não passe dessa força que eu sinto a cada nascer de sol, a cada nascer de lua... desde quando eu me levanto, até quando eu caio... Gaia... se você não existe como muitos dizem... por que eu tenho essa vontade de continuar a procurá-la? Por que eu continuo a seguí-la? Ah... sim... eu posso ouvir...
Enquanto o jovem lamentava consigo mesmo em baixo tom de voz disputado pelos grilos e corujas, a floresta em que ele estava parecia servir bem seu propósito: um esconderijo. Sim, ele estava sendo perseguido a muito tempo e após dias de fuga, aquele era seu último refúgio, achou uma árvore enorme onde a luz da lua era fraca, mas serena. O caule era enorme e seus galhos pareciam ancorar contra o céu azulado e enegrecido daquela noite, suas folhas eram pequeninas e brancas, formando gomos de algodões por todo a sua copa; o jovem estava ali, escancarado contra a árvore que tão bela era no meio daquele mundo das trevas. Por poucos minutos, ele sentiu o que jamais sentira a muitas semanas... Gaia... a mãe natureza de todos nós.
O mundo das trevas, um mundo diferente daquele que todos conhecem, aqui, os humanos não passam de marionetes enquanto os “seres da noite” se divertem com tudo aquilo que eles imaginam acreditar: Igreja, Milagres, Natureza, Ciência, Política, tudo isso não passa de brincadeiras daqueles que governam e fazem de todos meros fantoches de carvalho e calcário. As mãos do destino existem, mas não é um deus que às tem, são eles; os devoradores de sonhos, os sugadores de vidas, os dançarinos do labirinto infinito, os mestres da luz e escuridão, os protetores da Mãe... as criaturas... do mundo das trevas.
O céu estava coberto pelo manto da noite, sua luminária brilhava pela metade, meia-lua ou então philodox, sob aquele véu, as árvores de uma floresta esquecida pela esperança e aprisionada pelo abandono, os cascos estavam velhos, elas chacoalhavam contra o vento como se estivessem fracas, até mesmo a natureza poderia perceber o que acontecia ali, alguém havia adentrado em uma área em que a própria mãe natureza daria como moribunda ou caída no abismo dos triângulos. Os poucos animais que ainda lutavam para viver pareciam matar sua própria espécie para continuar a viver, a loucura, o delírio, os animais podiam sentir aquilo, Gaia, a mão que os acolheram no passado, parecia transmutar-se apenas em lembrança. Talvez todo ser vivo poderia sentir aquilo, mas existia um único ali que jamais pensaria dessa forma, era ele, o jovem que estava escondido de algo, se refugiando de uma ameaça, apesar da situação em que estava e do local morto, ele continuava a manter sua fé, sem desistir, sem perder nem um pouco daquilo que seu pai lhe ensinou, esperança.
_ Wolf... onde você es. - as palavras que o garoto pronunciavam eram cortadas bruscamente pelo estralo que ecoou no céu, uma espécie de disparo que causou o clarão daquilo que poderíamos chamar de relâmpago, os poucos pássaros e animais que ali adormeciam correram como se aquele estrondo fosse o anúncio de uma caçada, uma busca por algo realmente valioso, ou quem sabe, algo que deveria ser caçado, uma ameaça, um espécie indesejado, um pecado em forma física. O garoto puxou o corpo contra a raiz da grande árvore que lhe servia agora de escudo contra a artilharia que se aproximava à galopes de cavalos contra as pedras molhadas pelo raso lago perto dali, o grito de homens clamavam por sucesso, pareciam ter encontrado finalmente um rastro confiável em meio a tanta busca inútil.
O frio correndo entre a espinha, as leves gotículas de suor e o calafrio começavam a mostrar o que o jovem poderia estar sentindo naquele exato momento, eles eram chamados de caçadores de anjos, uma seita que parecia especializar-se em caçar mistérios pelo mundo afim de provar de uma vez por todas que aquilo não passava de plágio ou fraude feita por alguém de uma específica religião ou seita rival, claro, nem sempre eles conseguiam isso, tendo de alguma maneira, eliminar o “milagre”, como foi o caso de muitos que eles já crucificaram e queimaram na fogueira passado, acusando todos de mentirosos e supostos Messias. O grupo era forte, contava com muitos guerreiros bem armados e treinados, a poucos meses caçavam pelas bandas por um ser capaz de regenerar-se na mesma velocidade em que se machucava, diziam que ele mesmo era capaz de curar as feridas dos animais e pessoas de uma pequena cidadela próxima da floresta, o ser dizia que sua força vinha de Gaia – a Mãe; o ser era tão bélico e parecia um anjo, andava sempre no caminho que a lua traçava e sempre acompanhado de seu lobo, aos poucos seu nome foi descoberto e os rumores se espalharam.
_ Warlike Wolf o “Filho de Gaia”! Apareça para que possamos comprovar tais rumores! - gritava um deles, o som de sua voz impunha tom desafiador – Vamos ver se os aldeões de Burg são verdadeiros! Vamos caçadores de anjos! Vamos “desvendar” mais este milagre!
_ Maldição! - indagava o pobre jovem que saltava dali na tentativa de uma forma rápida escapar da emboscada, sem muito sucesso, ele já estava cercado ao ponto de todos seus passos serem premeditados, parou de caminhar ao descobrir isso, homens sobre seus respectivos cavalos haviam infiltrado aquela floresta e pareciam conhecê-la muito bem, era inútil continuar. O garoto simplesmente abaixou sua cabeça diante de uma pequena clareira que havia na floresta, ali, a luz da lua parecia ser seu último raio e brilho de esperança, a brisa da noite fazia os cabelos prateados esvoaçarem assim como as vestimentas rasgadas e pobres que ele utilizava, seu rosto ficara escondido mas sua pele era percebida, branca como a metade da lua naquela noite de inverno. Os cavaleiros aos poucos fechavam um círculo envolta do milagre que tanto procuraram até que um deles desmontou seu animal e se aproximou lentamente deixando sua face tênue amostra.
_Então, você é o “Filho de Gaia” ? - Não houveram respostas – Pois bem... me diga Warlike Wolf... sem delongas e seja bem claro, por favor ... É CAPAZ DE REGENERAR SUA CARNE DE UM FERIMENTO COMO ESTE!? - O som do ar sendo cortado por algo fino e pontiagudo propagou-se na atmosfera, o movimento da face do garoto sendo revelado ao momento em que girava a cabeça para ver o que estava seguindo foi rápido, mas nem chegou perto do necessário. A expressão não era de dor ou algo do tipo, o único olho que fora mostrado à princípio tinha uma coloração esverdeada que mais parecia uma esmeralda de tanto que brilhava ao refletir a luz da lua que ali se transformava em uma sombra por poucos milésimos de segundos enquanto o projétil caminhou na direção do peito de Warlike Wolf. Uma flecha, disparada por um elfo arqueiro que estava escondido entre as copas das árvores, fora fincada contra o tórax do jovem, o corpo sofreu o impacto dando alguns passos para trás até parar com um joelho apoiado no solo. Um silêncio tomou conta daquele breve momento até o caçador caminhar mais um pouco na direção do corpo calado, ele não conseguia ouvir o coração, com certeza já tinha sido machucado e estava parando.
_ O grande “Filho de Gaia” não é capaz de se esquivar de uma simples flecha? Ridículo! Um milagre? Eu acho que você não passa de um fraco! Isso sim! Homens acabem com ele de uma vez! _ Ordenou aquele que parecia o líder do grupo, neste exato momento os arcos de madeira foram estalados tendo suas cordas puxadas para trás arqueando uma flecha, uma chuva delas agora, capaz de mandar até mesmo um milagre para o abismo profundo. Um milagre talvez, mas, mataria uma maldição? _ O quê?! Mas o que é isso!
Um bater profundo foi ouvido novamente, o coração do garoto não tinha parado e nem mesmo estava fraco, um uivo surgiu do alto da colina próxima dali ao mesmo instante que o jovem ergueu seu corpo e com a própria mão retirou a flecha tendo sua carne, pele e roupas rasgadas pela lâmina do projétil de ferro oxidado. O sangue era esguichado para fora do buraco que fora criado no peito do rapaz, o líquido vermelho tingiu as vestimentas do jovem até pingar no solo, sua expressão era de agonia enquanto sua respiração aumentava e um instinto assassino incrível brotava de suas veias que agora pulsavam cada vez mais sangue fazendo o mesmo perdê-lo. Os cavaleiros ali presentes puxaram as rédeas dos quadrúpedes e hesitaram por alguns minutos, sentiram um pouco da empatia quanto ao garoto, o líder deles estava tão distraído com aquela cena que não percebeu que os arqueiros haviam mudado o alvo e aos poucos eram consumidos pela outra metade do milagre...
_ Wolf! vamos sair daqui! _ O garoto falou jogando a flecha no chão e mirando o olhar para os arqueiros que pareciam desesperados, atirando os projéteis de ferro por todo o ambiente, uma sombra se movia entre eles e nenhuma das flechas podiam atingí-lo, a jugular dos elfos eram cortadas rapidamente fazendo-os cair de cima das árvores e quebrarem o pescoço ao alcançarem a grama do solo.
_ Espere! “Filho de Gaia”! _ o líder do grupo exclamou ao dar ordem para os demais ficarem atentos.
_ ... O quê? _ Warlike Wolf estava de costas para o grupo dos caçadores, o sangue ainda caia de seu ferimento.
_ Agora que sabemos que é um milagre, podemos entrar em algum tipo de acordo! Nós diremos que você é uma fraude e lhe daremos cinqüenta por cento de tudo que conseguirmos ao revelar a “verdade” ao pobre povo da cidadela.
_ Milagre? _ Ele levantou o olhar para o fio de luz que passava ali de sua musa inspiradora, a grande e sagrada lua philodox.
_ Claro! Você controla a telecinese e é capaz de resistir a uma flecha na direção de seu coração! É um milagre que Deus lhe deu, é nosso dever retirá-lo de você, entende? É isso que fazemos, é isso que buscamos, mostrar ao povo que só existe Deus, no fundo é isso que eles querem.
_ Pode dizer que não sou um milagre... _ Abaixou a cabeça e virou o rosto levemente para trás, mostrando a parte esquerda de seu perfil, os cabelos prateados balançaram quando um vulto passou rápido ao lado do jovem revelando a parte esquerda de seu rosto: uma cicatriz, uma profunda cicatriz atravessava o olho daquele que segundo os rumores era capaz de curar a qualquer tipo de ferimento, apenas o líder dos caçadores de anjos conseguiu ver aquilo que acontecera tão rapidamente, a cicatriz causou um calafrio na espinha daquele que se auto-proclamava Alpha de seu bando, o mesmo frio e suor gélido que o suposto milagre havia sentido a pouco.
_ Nem todos os ferimentos podem ser regenerados, nem todas as cicatrizes podem ser apagadas de nossas mentes, milagres não sentem medo, milagres não são caçados... _ O vulto revelou-se um lobo de apenas três patas, foi ele quem havia matado os arqueiros e não o suposto poder daquele jovem que mal sabia lutar, eles caminharam lentamente enquanto o ambiente parecia distorcido para a visão do homem, era como se tudo aquilo que durava poucos segundos, durasse horas. O sangue parou de escorrer e os dois desapareceram entre os caules das árvores na leve neblina que começava a se formar na floresta que agora não parecia tão abandonada assim.
_ Iremos atrás deles senhor Brahns? - Indagava um dos parceiros do alpha.
O ambiente antes turvo parecia voltar ao normal aos poucos, os olhos do homem paravam de tremer e sua pupila não estava mais dilatada, sentiu o frio da espinha se dispersar aos poucos enquanto os dois seres a sua frente desapareciam. Ele então estufou o peito como antes e percebeu que sua história estava apenas começando, alguém foi capaz de desafiá-lo e isso não iria ficar daquela maneira, o orgulhoso Brahns jamais deixaria isso acontecer novamente, não ali, não com aquele domador de lobos, após olhar para os lados e lembrar de seus companheiros mortos e feridos, balançou a cabeça e exclamou:
_ Não, temos algo mais importante para fazer nesta noite, cuidaremos dos feridos em primeiro lugar, e em seguida quero que espalhem rumores pela cidade! O “filho de Gaia” - Warlike Wolf - matou três trabalhadores! Milagre de dia, maldição de noite! Vamos caçá-lo até o fim do mundo se necessário, mas tratem ele como uma maldição daqui em diante, nada de esperanças, nada de fé, nada de profecias, nada de milagres daqui pra frente para você... Warlike Wolf!
Shinji Ikari
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